Por derradeiro, amigos de minha alma, por derradeiro, a última, a melhor lição da minha experiência. De quanto no mundo tenho visto, o resumo se abrange nestas cinco palavras:
Não há justiça, onde não haja Deus.
Quereríeis que vo-lo demonstrasse? Mas seria perder tempo, se já não encontrastes a demonstração no espetáculo atual da terra, na catástrofe da humanidade. O gênero humano afundiu-se na matéria, e no oceano violento da matéria flutuam, hoje, os destroços da civilização meio destruída. Esse fatal excídio está clamando por Deus. Quando ele tornar a nós, as nações abandonarão a guerra, e a paz, então, assomará entre elas, a paz das leis e da justiça, que o mundo ainda não tem, porque ainda não crê.
Este trecho que coloquei como fim, na realidade está antes do trecho anterior. Mas, por concordar que era seu máximo argumento, achei melhor citar por último.
Quão importantes palavras em tão singelo livro, que antes era apenas um discurso a uma turma de formandos.
É notório como a maioria do discurso ecoa até os dias de hoje com tamanha atualidade... Vê-se que poucas coisas mudaram e o fim aqui citado tem em si a visão de um homem que lidou com valores o tempo todo e observou as misérias humanas - a falta de amor de uns pelos outros; a falta de perdão; a falta de honestidade; a falta de ética; a falta de humildade - infelizmente são coisas que ainda, depois te tantas "evoluções técnicas e científicas", predominam nas relações humanas...
O resumo deste tão experiente jurisconsulto, político e cidadão, no trecho acima citado, deve nos levar a reflexões diárias sobre nossos próprios atos. É para se levar em conta que Rui Barbosa, depois de tantas vivências, diz que sua melhor lição é buscar a presença de Deus. Pensemos...