Há pouco tive o grande prazer de ler pensamentos que já deveriam ter sido apreciados há muito tempo, mas... antes tarde do que nunca!
Assim, aproveito para refrescar a memória dos que já leram e instigar a leitura aos que não a fizeram, postando alguns dos trechos em que Rui Barbosa mais me inspirou neste seu discurso para a turma de 1920 da Faculdade de Direito de São Paulo.
Sábias palavras e, apesar do tempo passado, espero que ainda produzam muitas reflexões.
Metei a mão no seio, e aí o sentireis (o coração) com a sua segunda vista. Desta, sobre tudo, é que ele nutre sua vida agitada e criadora. Pois, não sabemos que, com os antepassados, vive ele da memória, do luto e da saudade? E tudo é viver no pretérito. Não sentimos como, com os nossos conviventes, se alimenta ele na comunhão dos sentimentos e índoles, das idéias e aspirações? E tudo é viver num mundo, em que estamos sempre fora deste, pelo amor, pela abnegação, pelo sacrifício, pela caridade. Não nos será claro que, com os nossos descendentes e sobreviventes, com os nossos sucessores e pósteros, vive ele de fé, esperança e sonho? Ora, tudo é viver, previvendo, é existir, preexistindo, é ver, prevendo. E, assim, está o coração, cada ano, cada dia, cada hora, sempre alimentado em contemplar o que não vê, por ter em dote dos céus a preexcelência de ver, ouvir e palpar o que os olhos não divisam, os ouvidos não escutam, e o tacto não sente.